Inglês: A Língua Oficial dos Céus
“English is the official language of the skies”. Essa frase foi popularizada na década de 50, contudo, em 2001, a Organização Civil Internacional de Aviação (International Civil Aviation Association) apresentou os “Requerimentos de Proficiência em Linguagem”, o qual foi oficializado em Março de 2008. Esses requerimentos consistem em testes regulares para avaliação dos profissionais envolvidos no ramo da aviação com o intuito de “aprimorar as habilidades de comunicação e promover a segurança durante o vôo”.
“Air workers” - denominação em Inglês para os “trabalhadores do céu” que incluem comissários, pilotos, co-pilotos, ... - precisam da comunicação para passar instruções precisas e, inclusive, em momentos de estresse (turbulência, despressurização, ...). Para tal, o domínio da língua inglesa faz-se fundamental, pois pensar em uma língua não-nativa em momentos de estresse é um desafio.
Outra questão importante conhecida no ramo é a “traffic control communication” ou “comunicação com o controle de tráfego (aéreo)". Uma das mais importantes habilidades na aprendizagem de idiomas é, justamente, a “non-verbal communication” a qual dar-se-á pelos gestos e signos não verbais. A utilização dessa estratégia de comunicação é importantíssima em qualquer língua, facilitando a comunicação. Porém, essa técnica não é passível de uso durante a comunicação da “aircraft crew” com o “traffic control”, estabelecendo que a comunicação oral é imprescindível, devendo ser clara e precisa a todo o momento - a exemplo da “técnica de sotaque neutro” ou “neutral accent technique”.
Por causa da necessidade de comunicação precisa, clara e rápida, foi criado o Aviation English, um modo muito formalizado e técnico de falar Inglês onde até mesmo falantes nativos de inglês precisam dedicar tempo para aprendê-lo. Segundo o site “Translate Media”, “quando se trata de comunicações baseadas em rádio, existem dois estilos seguidos: 'Fraseologia padrão', um fraseado muito especializado usado de maneira formal durante momentos críticos como decolagem e aterrissagem, e a chamada ‘Linguagem simples’ que é um estilo mais cotidiano de falar, usada para comunicações menos formais pelo rádio”.
Mas uma pergunta fica: Como o Inglês se tornou a língua oficial dos céus? Segundo as fontes, durante meados do século XX, quando as viagens aéreas estavam se tornando mais comuns, os países de língua inglesa dominavam o projeto e a fabricação de aeronaves, bem como grande parte de suas operações. Em Chicago, numa convenção em 1944, com o objetivo de resolver alguns dos problemas das viagens aéreas na época, fora estabelecido o inglês como a linguagem da aviação, objetivando ajudar a evitar desentendimentos e confusões no rádio e entre equipes internacionais.
A página “Mental Floss” ressalta um acontecimento notório no mundo da aviação que ocorreu nas Ilhas Canárias em 1977 onde dois jatos 747 - um da Pan Am e outro da KLM - colidiram na pista do aeroporto de Tenerife. Em determinado momento, o piloto da KLM disse à torre em um forte sotaque holandês: "We’re now at take-off" ou "We’re uh… taking off". A torre não entendeu a mensagem e disse à KLM que esperasse, mas uma comunicação simultânea da Pan Am confundiu a instrução. As revisões feitas pelo NTSB das transcrições dos registradores do cockpit determinaram que o uso da fraseologia não padronizada pelo piloto da KLM durante os momentos críticos que levaram ao acidente contribuíram para o desastre.
Sendo assim, para destacar-se como um “air worker”, o domínio da língua inglesa e suas técnicas são imprescindíveis. Afinal, uma boa comunicação, além de evitar acidentes, proporciona momentos de qualidade aos clientes da linha aérea, fazendo daquele voo inesquecível para o passageiro e fazendo da “air crew” um diferencial para a companhia aérea.
Fonte:
[1] https://www.translatemedia.com/translation-blog/english-considered-language-skies/
[2] http://mentalfloss.com/article/55677/what-universal-language-skies